A percepção de elementos curiosos, análise sistemática e síntese, associações e combinações incomuns, a transposição de analogias, todas essas diferentes formas de pensar aumentam a probabilidade de encontrar novas ideias durante o processo de design de resolução de problemas. Existem outros procedimentos mentais, cuja aplicação é necessária sempre que o designer cria algo novo, como análise, pensamento sintético, intuição, pensamento hipotético e pensamento analógico.
Índice
Pensamento analítico
O pensamento analítico é a maneira de reconhecer, classificar e descrever os elementos de um problema. Durante o processo criativo, a análise desmonta a situação existente e então cria um estado caótico. As conclusões da análise podem fornecer pistas para a realização de uma hipótese, uma analogia ou uma nova síntese. A análise é uma das habilidades de pensamento criativo mais praticada no ensino de design e design industrial [Baxter, 2000].
Pensamento intuitivo
O pensamento intuitivo é uma contemplação direta e imediata de uma realidade ou de um problema. É um pensamento inconsciente em que o procedimento não é explicável. O físico Gerd Binnig diz que a intuição é um tipo de análise ou síntese que não procede logicamente quando o problema é muito complexo. Através do pensamento intuitivo, o designer toma uma decisão sobre a situação do projeto, para melhorar o funcionamento da intuição qualitativa e quantitativamente. É necessário um bom domínio da disciplina ou a realização de técnicas de meditação para criar um estado de relaxamento, respiração calma, serenidade e identificação empática com o problema a ser resolvido.
Pensamento hipotético
O pensamento hipotético é outro procedimento do pensamento criativo, que consiste na capacidade de supor e fundamentar. Em design, por regra, adota-se provisoriamente uma explicação plausível dos fatos, com o objetivo de submetê-la à verificação metódica pela experiência.
Pensamento analógico
O pensamento analógico surge como um processo mental de bi-associação de ideias que permite estabelecer novas relações inusitadas entre objetos e situações. Criar é recombinar o conhecimento por meio do desenvolvimento do pensamento analógico, o que requer o treinamento da imaginação e o uso de metáforas. Reformulações semânticas ou o uso de sinônimos podem apoiar e treinar o design de analogias e metáforas.
Todas essas formas de pensamento que apoiam a geração de ideias fazem parte do pensamento criativo e, embora sejam descritas separadamente, na prática e durante o processo criativo, são sempre feitas combinações entre si [Tschimmel, 2003].
Para uma melhor fluidez, flexibilidade e originalidade do pensamento criativo existem técnicas que podemos aplicar e, desta forma, treinar o nosso cérebro. Dentro da perspectiva sistémica de surgimento de ideias, existem técnicas como Brainstorming (para uma intensa ativação da memória, para o pensamento intuitivo e emocional, e para deixar as ideias irem) ou as suas variantes Brainsketching e Brainwriting, Mind Map (para exalar o pensamento e desenvolver a capacidade de alternar entre análise e síntese, para encontrar ligações entre vários assuntos), Confronto Semântico e Aleatório (para a produção de associações e combinações inusitadas) e Analogias (para cruzar o conhecimento de vários domínios simbólicos).
Hoje em dia, grande parte das pessoas cuida do corpo com uma boa alimentação e uma boa dose de exercícios físicos, mas quase ninguém reconhece a necessidade de treinar o cérebro, que também pode ser mais rápido e flexível. À medida que desenvolvemos os músculos e as capacidades que nos permitem, por exemplo, dançar mais e melhor, podemos também exercitar a memória ou praticar e aperfeiçoar as capacidades do pensamento criativo. Quem já participou em várias sessões de Brainstorming terá desenvolvido uma maior capacidade de pensar com fluência e sem preconceitos. Alguém que já estabeleceu muitas analogias desenvolve sua capacidade de pensar analogicamente, o mesmo acontece com as outras técnicas.
Promover a criatividade é criar condições para o pensamento criativo e para a aplicação de várias técnicas e métodos, que não devem ser vistos como um conjunto de ações isoladas, mas como um processo iterativo. A promoção de uma cultura de criatividade e a geração de ideias referem-se à promoção do pensamento criativo como um elemento do processo de inovação.
Pensar de forma criativa pode transformar o dia a dia, é uma forma de se relacionar com a vida.
Se tens interesse neste tópico, eu recomendo:
- Moreira, J. (2016). O objecto como impulsionador do Pensamento criativo. Porto: ESAD, Matosinhos. Tese de Mestrado
- Tschimmel, K. (2011). Processos Criativos. A emergência de ideias na perspectiva sistémica da criatividade. Matosinhos: Ed. ESAD.
- Adams, James L. (1986). Guía y juegos para superar bloqueos mentales, 2a ed. Barcelona: Editorial Gedisa.
- Baxter, M. (2000). Projeto de produto. Guia prático para o design de novos produtos, 2. Ed. S. Paulo: Editora Edgard Blücher.