Neutralidade Carbónica – Um Passo para um Futuro Melhor

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Portugal e o mundo passam por um dos piores períodos de seca extrema e espera-se que até 2050 esses períodos sejam mais recorrentes, sentindo-se mais os efeitos das alterações climáticas. É imperativo mudar o nosso comportamento e na Neutralidade Carbónica pode estar uma solução para um futuro próspero.

Cartaz com mensagem "Façam amor, não CO2"
© Markus Spiske

Mas afinal de contas, o que é Neutralidade Carbónica?

A Neutralidade Carbónica advém do termo Carbono Zero. Alcançamos o Carbono Zero quando qualquer produto ou serviço é produzido sem gerar algum tipo de emissão de carbono. No entanto, até os processos biológicos originam e libertam carbono para a atmosfera, pelo que este é um conceito inatingível. 

Num artigo da Iberdrola e de acordo com o Parlamento Europeu, atingimos a neutralidade de carbono quando são libertadas quantidades de CO2 na atmosfera iguais às quantidades de emissões de gases de dióxido de carbono que geramos, resultantes da atividade humana.

A neutralidade de carbono é assim atingida quando ocorre um balanço zero ou neutro, também conhecido por pegada de carbono zero.

No Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050) foi definido como objetivo central alcançar este resultado zero, como foco na preservação do nosso planeta através da redução dos níveis de emissões atuais e do aumento dos sumidouros de carbono até 2050. 

Um sumidouro de carbono consiste nos espaços naturais que temos no nosso planeta, tais como os oceanos, as florestas e os solos, que ajudam a absorver e a reter o dióxido de carbono que produzimos, diminuindo a sua existência no ar. Contudo estamos a emitir CO2 a um ritmo que o planeta não consegue renovar e daí os efeitos cada vez mais visíveis das alterações climáticas. 

O acréscimo de sumidouros até 2050 passa pelo reforço da capacidade destes ambientes naturais reterem uma maior quantidade de carbono, pelo que é imperativo aumentar o número de sumidouros, por exemplo, através da plantação de mais árvores (e não da destruição das atuais florestas naturais como a Amazónia no Brasil). Por sua vez, a redução das emissões refere-se à forma como utilizamos a energia e os recursos enquanto sociedade. 

A partir do Acordo de Paris em 2015, foi estabelecido como objetivo global na agenda política internacional alcançarmos a neutralidade carbónica. Se queres saber mais sobre este acordo podes ver este vídeo: 

Neste acordo foi definido como objetivo o controlo do aumento da temperatura face a 1990, de forma a estabelecer como aumento médio de temperatura global máxima de 1,5°C, contribuindo para a diminuição do risco e do impacto das alterações climáticas.

É imperativo que as empresas tenham comportamentos em prol do nosso planeta e uma boa forma de começar este percurso é analisar toda a cadeia de valor e mapear o ciclo de vida dos produtos. Logo, o nosso comportamento diário e individual também terá um impacto significativo a longo prazo dependendo dos produtos que compramos, que podem contribuir para alimentar uma indústria com maior pegada carbónica ou não.

Para atingir esta missão até 2050 é crucial implementar medidas para alcançarmos a neutralidade carbónica! 

Portugal rumo à descarbonização

Num estudo desenvolvido pela McKinsey & Company sobre “Net-Zero Portugal – Caminhos de Portugal para a descarbonização” e em colaboração com o BCSD Portugal e o grupo de trabalho de neutralidade carbónica, chegaram à conclusão que Portugal deve agilizar a descarbonização, tendo à sua disposição condições para descarbonizar com maior intensidade e a um menor custo que a União Europeia (UE). 

Em relação aos restantes países da UE, Portugal apresenta a capacidade de descarbonização a um custo inferior que os restantes países. Ambiciona-se que Portugal seja um dos principais países a contribuir para a descarbonização mais eficiente da União Europeia, prevendo-se que o net-zero pode ser atingido antes de 2050.

De acordo com este estudo, Portugal tem a capacidade de descarbonização de cerca de 50% até 2030 relativamente aos valores de 1990.

Partilho contigo algumas das 40 empresas que estiveram envolvidas neste projeto e que estão comprometidas a contribuir de forma significativa para a descarbonização: 

  • Ageas Portugal
  • Lipor
  • Metropolitano de Lisboa
  • Jerónimo Martins
  • Millennium BCPAltice
  • Brisa
  • Ascendi
  • BPI
  • Caixa Geral de Depósitos
  • Ernst & Young
  • CTT
  • Delta
  • Efacec
  • Fujitsu
  • E muitas mais!

Neste estudo também foi possível concluir que quando Portugal atingir o seu objetivo, irá conquistar um PIB até 5 a 10% mais elevado do que na atualidade.

Pormenor de pessoa a carregar caixa de maçãs com uma etiqueta "CO2 Neutral"

Empresas portuguesas na luta contra as alterações climáticas

A organização global sem fins lucrativos CDP – Disclosure, Insight, Action, antiga Carbon Disclosure Project, desenvolveu uma lista lista de empresas mundiais que já estão a ter resultados no que diz respeito  às alterações climáticas e a garantir um futuro mais sustentável. A lista chama-se “A List”, poderás saber mais aqui.

EDP, CTT, Navigator Company e Sonae são exemplos de empresas portuguesas que já estão a conseguir resultados significativos neste nível e que se encontram nesta lista.

EDP 

A EDP conquistou o nível mais alto de desempenho de “Liderança” (Leadership)  e a classificação máxima de A nas principais categorias: mudança climática e gestão da água.

A estratégia da empresa passa por reduzir as emissões em 90% até 2030 (face aos níveis de 2015) e chegar a 90% de produção de origem renovável nos próximos dez anos.

CTT

Os CTT alcançaram um patamar onde menos de 3% das cerca de 10.000 empresas avaliadas alcançaram: “nível mais elevado de Leadership, na vertente Climate Change, com a pontuação A”.

Em prol da sustentabilidade, implementaram diversas ações que resultaram:

  • na Diminuição das emissões em 64% desde 2008; 
  • na Separação dos resíduos para reciclagem (85% dos resíduos foram separados em 2019; 
  • numa Oferta CTT Expresso neutra em carbono; 
  • na Aquisição de 100% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis (desde 2016).

A empresa também é distinguida por ter ter a maior frota ecológica, 327 veículos alternativos, do setor logístico em Portugal. Também já disponibiliza um serviço green para os clientes corporativos, o Green Deliveries. Este serviço permite que todos os seus clientes na cidade de Lisboa recebam as encomendas com veículos elétricos CTT.

The Navigator Company

Por sua vez, a The Navigator Company conquistou o lugar de líder mundial no combate às alterações climáticas e foi reconhecida pela redução de emissões, dos riscos climáticos e pelo desenvolvimento da economia de baixo impacto de carbono.

Grupo Sonae

O Grupo Sonae voltou a ser reconhecido pela redução das emissões de gases de efeito de estufa, mitigação dos riscos climáticos e por desenvolver a economia de baixo carbono. Em 2020 atingiu a mais alta posição até então, juntando-se às empresas com maior pontuação do mundo em matéria de sustentabilidade corporativa ambiental.


É um orgulho saber que as empresas portuguesas já conquistam grandes lugares rankings ambientais internacionais. No entanto, ainda estamos longe da neutralidade carbónica, pelo que é crucial continuarmos neste caminho e na implementação de mais ações sustentáveis. 

É cada vez mais evidente que boas práticas ambientais, quer sejam empresariais ou a título individual, trazem vantagens a todos os níveis, incluindo para a nossa economia. 

Mas não nos podemos deixar enganar. É crucial o compromisso diário de todos nós para atingirmos este objetivo. Se não começarmos a alterar o nosso comportamento e hábitos de consumo estima-se que até 2050 possam ocorrer mais de 6 meses de seca por ano, que as áreas florestais ardidas dupliquem e que suceda a um aumento do número de dias acima dos 37 ºC, que para além de criar um grande desequilíbrio em todos os ecossistemas irá impactar diretamente  toda a actividade agrícola, turística e claro, inevitavelmente, a nossa saúde.

Este artigo é uma introdução ao tema neutralidade carbónica para que possas tomar escolhas mais conscientes tendo em vista um futuro e planeta melhor.Convido-te a conheceres mais sobre o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e a sua legislação, publicada através da Resolução de Conselho de Ministros n.º 107/2019, de 1 de julho.

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