Garrafas de Água: as garrafas PET são as mais sustentáveis?

Este não é um tema atual ou desconhecido, já todos reconhecemos o forte impacto negativo no meio ambiente provocado pelas garrafas de plástico. 

No entanto, sabias que a solução PET é 100% reciclável e face a outras soluções o impacto no ambiente é reduzido? 

Neste artigo vou desmistificar este tema e ajudar-te a entender o porquê de existir uma conotação tão negativa associada aos plásticos quando falamos em sustentabilidade.

Plástico PET: O que é?

PET é a sigla utilizada para Polietileno Tereftalato, um material desenvolvido em 1941 por John Rex Whinfield e James Tennant Dickson, dois químicos britânicos.

O PET é um material termoplástico utilizado na fabricação de embalagens, maioritariamente garrafas plásticas de refrigerantes, águas e sumos. 

Quando este material surgiu, foi como um “sonho tornado realidade”. Era muito mais prático e cómodo carregar uma garrafa PET do que uma garrafa de vidro, pois são muito mais leves e resistentes. Além destas vantagens, este tipo de plástico também tinha vantagens económicas para os produtores, pois como é um material 100% reciclável, contrariamente a outros tipos de plástico, permite a sua reutilização para outros fins.

A diferença de peso entre uma garrafa PET e uma de vidro também tem um forte impacto na produção e distribuição da garrafa, uma vez que, produzir uma garrafa PET exige a utilização de pouco material para conter uma grande quantidade de produto, contrariamente à garrafa de vidro que necessita de maior quantidade de matéria-prima para armazenar a mesma quantidade de produto. Quanto à distribuição o facto de ter menos material torna as garrafas mais leves e por isso permite transportar mais e emitir menos gases efeito de estufa (GEE).

Posto isto, este tipo de garrafas pela sua praticidade, pela vantagem de ser 100% reciclável e pelo menor recurso a matéria-prima tem um custo-benefício para o produtor bastante rentável.

O Impacto Ambiental das garrafas PET

Apesar de serem 100% recicláveis, as garrafas PET não deixam de ser plástico pelo que também têm uma pegada ecológica (como qualquer outro produto, é um facto).

Infelizmente, à medida que a adesão face à utilização deste tipo de garrafas PET aumentou, o número de descartáveis, resíduos gerados e extração de petróleo para atingir a grande procura também sofreu um grande acréscimo, levando a uma produção e consumo excessivo, que conduziu a um maior desperdício. 

O principal problema está na forma como estas garrafas são descartadas no meio ambiente. Ao serem descartadas de forma errada, conduzem a uma acumulação de plástico em terrenos, rios, esgotos, mares e florestas. 

Apesar de ser reciclável, a sua decomposição pode demorar até 800 anos e, é por isso, tão crucial existir uma correta reciclagem destes artigos.

Por vezes, devido ao grande volume de garrafas acumuladas, as pessoas ficam tentadas a fazer uma queima, mas isso não é nada recomendado, pois este material é muito inflamável e liberta toxinas e GEE na atmosfera, contribuindo para a poluição do ar e, sucessivamente, para o efeito estufa.

No artigo da eCycle afirmam que de acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA), 90% de todos os resíduos dos oceanos são constituídos por plástico. Além disso, existem 46.000 fragmentos de plástico em cada 2,5km² destas superfícies. Outros estudos comprovaram que para cada quilo de algas marinhas e plâncton encontrado nos oceanos, há pelo menos 6 kg de plástico.

A geração de microplásticos é outro grande problema resultante da presença de plástico no mar. Os microplásticos são partículas que absorvem compostos químicos tóxicos como os poluentes orgânicos persistentes (POPs). Poderás saber mais sobre este temas aqui.

O microplástico ao ser ingerido por algum animal marítimo, pode conduzir à morte do animal: por asfixia, uma vez que, podem sufocar com o lixo flutuante,  por intoxicação, dado que os POP não devem ser ingeridos, ou ainda por desnutrição, na medida em que o animal ao confundir o plástico por alimento, vão sentir uma falsa saciedade que conduzirá a um estômago cheio de plástico e à incapacidade do consumo de outros alimentos, o que levará à desnutrição.

Infelizmente, os POPs têm caráter bioacumulativo, o que significa que quem se alimenta do animal intoxicado, também passará a sofrer do mesmo problema. 

O eCycle indicou que quem consome com regularidade frutos do mar ingere cerca de 11 mil pedaços de microplástico por ano.

De forma a reduzir a poluição marítima e o impacto negativo das garrafas PET no meio ambiente, é então crucial a correta reciclagem e tratamento deste material:

• remoção da tampa, do lacre e do rótulo (que normalmente são produzidos por outro tipo de plástico, o polipropileno);
• as garrafas são amassadas e enviadas para companhias que cortam e moem o plástico;
• remoção de todas as impurezas;

reutilização do plástico para novos fins, tais como produção de novas garrafas, tapetes, camisas, panos de limpeza, entre outros.

Opções de Garrafas de Água para uso pessoal:

Garrafas de Vidro

O vidro é um ótimo material para conservar líquidos e é 100% reciclável. 

É uma alternativa viável ao plástico, no entanto além de necessitar de um maior número de recursos na sua produção, conforme referido anteriormente, acarreta diversas desvantagens e necessidades de cuidado acrescido no seu transporte, dado que se parte com maior facilidade.

No entanto, é a melhor opção para conservar água dentro e fora de casa, porquê?  A matéria prima é pura e não liberta nenhum tipo de químicos que podem influenciar as características do que é armazenado. A outra grande vantagem é que pode ser utilizado inúmeras vezes (até partir claro!), reduzindo o impacto no meio ambiente.

Garrafas de Alumínio

No que toca à reciclagem, o alumínio tem uma elevada taxa de reciclagem o que é uma vantagem face ao plástico. Ao comprarmos uma  garrafa de alumínio reciclado já estamos a poupar o ambiente, visto que 1kg de alumínio reciclado evita a extração de 5kg de bauxite, mineral de onde se extrai o alumínio.

À semelhança do plástico e contrariamente ao vidro, é um material bastante leve, tornando-se uma solução eficiente no dia a dia, pois combina a leveza do plástico com as inúmeras possibilidades de utilização que o vidro nos dá

Infelizmente, também tem os seus contras pelo que não é muito resistente, podendo ficar danificada com facilidade e alguns modelos de garrafas ou outros artigos em alumínio podem conter um revestimento interno que poderá conter Bisfenol A (BPA), o que poderá ser bastante nocivo para a nossa saúde. Se queres saber mais sobre este composto podes ler este artigo da Tua Saúde. Desta forma, aconselho-te a analisares as substâncias da composição destes artigos antes de o adquirir.

Garrafas de Aço Inoxidável

O aço inoxidável é dos materiais com mais vantagens, pois é considerado o material mais reciclável do mundo. Para além de poder ser 100% reutilizado e aproveitado, combina várias vantagens das opções anteriormente mencionadas. 

Tal como na garrafa de vidro, não há risco de intoxicação por compostos químicos e pode ser lavada na máquina de lavar louça. Por norma, existem as opções térmicas, que ao contrário das anteriores são ótimas para manter as temperaturas e transportar sem queimar as mãos. 

Contudo, é um metal e tal como a de alúminio podem ficar danificadas caso caiam.

Resumindo, podemos concluir que todos os materiais terão impacto no meio ambiente, mas é possível fazer uma escolha com o menor impacto ambiental, quer ao nível de produção, utilização e manutenção.

Deixa-me lembrar-te de duas coisas: a melhor opção é sempre a que já temos em casa e os plásticos não são sempre os inimigos. Por isso, de acordo com as tuas necessidades, analisa qual destes 4 tipos de materiais queres para a tua garrafa de água e acima de tudo qual deles terá uma maior durabilidade.

É importante alterar os nossos hábitos de consumo de forma a conservar o nosso planeta! Se este artigo te ajudou a fazer uma escolha mais consciente, partilha-o com alguém que também necessita saber isto.