Transformação de Óleos Alimentares: como funciona o projeto Green Grease

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Sempre que pensamos em inovação e consciência ambiental, pensamos em grandes ações. Contudo, a verdade é que a mudança começa no ambiente doméstico e os óleos alimentares fazem parte disso.

O desperdício de óleo doméstico é um tópico de discussão no mundo. O impacto que tem na natureza é enorme: 1L de óleo é capaz de contaminar 1 milhão de litros de água, o que é o suficiente para uma pessoa até os 40 anos.

Por isso, o desperdício não deve ser descartado da forma tradicional. Na verdade, nem deveria ser descartado, pois pode ser transformado em novos produtos de qualidade. Vamos perceber como é que o óleo alimentar pode ser transformado noutros produtos? 

Qual é o impacto dos óleos alimentares e qual a melhor forma de o descartar?

O óleo alimentar é um ingrediente comum utilizado na preparação de alimentos fritos, sendo um produto de origem vegetal. Após a fritura dos alimentos o óleo torna-se desperdício. Qual é então a melhor forma de nos vermos livres deste desperdício

O que muita gente faz, erradamente, é despejar o óleo alimentar no sistema de esgoto (eu própria já o fiz). 

Óleo alimentar a ser despejado na banca da cozinha
Uma das formas incorretas de despejar o óleo alimentar: na bancada cozinha

Quais são as consequências?

No entanto, esta prática comum é a pior e tem um imenso impacto negativo, porquê? Ao deitar os óleos alimentares no esgoto (que é como quem diz na sanita ou na banca da cozinha) aumenta as probabilidades de danificar os canos, pois a gordura pode potenciar o aparecimento de pragas e bactérias, e pode acabar por ficar retida nos canos causando obstruções e pode possivelmente resultar em obstrução total dos canos (o que significa: inundação em casa).

Nesse caso, os óleos após fritura tornam-se Óleos Alimentares Usados (OAU), pois apresentam um elevado potencial de contaminação dos recursos hídricos e, após a sua decomposição, tornam-se gás metano na atmosfera.

Quais são as consequências para o meio ambiente?

O óleo alimentar despejado pode também afetar as estações de tratamento das águas residuais (as ETAR). Acontece que a gordura também pode ficar acumulada nos filtros da estação e causa obstruções, impedindo o seu devido funcionamento. O resultado é que o processo de tratamento das águas é prejudicado, dificultando a sua reutilização.

Contudo, o impacto negativo ambiental pode piorar: se o óleo for libertado nos rios, oceanos ou ribeiras, acaba por prejudicar toda a vida aquática. Afinal, o óleo mantém-se na superfície das águas e impede a passagem dos raios solares. 

Como resultado afeta a realização da fotossíntese das plantas aquáticas (assim como ocorre nas não-aquáticas) e impede a libertação de oxigênio pelas mesmas. Considerando que elas são o verdadeiro pulmão do mundo, imagina só o problema.

Recipiente com óleo a ser misturado com água

Qual a forma correta de descartar os óleos alimentares usados?

A melhor forma de descartar os OAU é procurar um ponto de recolha de óleos alimentares, também conhecidos como oleões. O ponto pode ser administrado pelo município, por uma entidade gestora de resíduos ou por empresas de recolha de óleos alimentares

Outra forma é através da plataforma WasteApp da Quercus, em que disponibiliza os locais para depositar os vários resíduos que não podem ser colocados nos ecopontos. Para isso basta colocar a morada e a plataforma indica qual o local mais próximo para depositar os resíduos de forma a que possam ser reciclados e reutilizados.

Um aspeto interessante é que apesar do elevado potencial de contaminação, o óleo alimentar usado também apresenta um elevado potencial de recuperação. Pois pode ser utilizado para produzir sabão, biodiesel e detergentes. O ideal é que armazenes o óleo (depois de frio) e que o envies para uma entidade de recolha ou para um oleão perto de ti.

Oleão ao lado do ecoponto
Oleão para se despejar os óleos alimentares

Os óleos alimentares usados segundo a lei

Os óleos alimentares são considerados resíduos segundo a Lista Europeia de Resíduos (LER). Em Portugal, o produtor é responsável pelo resíduo gerado e pelo seu destino final, segundo o Decreto-lei nº 178/2006.

Pelo Decreto-lei nº 267/2009, foi estabelecido o regime jurídico para gestão de óleos alimentares usados. Este decreto aborda os resíduos produzidos pelos setores industrial, de hotelaria e restauração e ambiente doméstico. Mostra que foram estabelecidas as normas para o circuito de recolha seletiva, transporte, tratamento e valorização. Tudo deve ocorrer através de operadores licenciados para isso.

Economia circular: como é feita a reutilização e transformação de óleos alimentares usados?

A economia circular não só contribui de forma positiva para o meio ambiente, como também tem um impacto no nosso bolso. 

Ser mais consciente e reciclar o óleo alimentar no seu quotidiano, acaba por:

  • Reduzir o impacto ambiental que os OAU causam;
  • Poupar dinheiro fazendo a reciclagem dos óleos e de embalagens plásticas para empresas de recolha de óleos alimentares;
  • Ganhar reconhecimento social, pois as empresas, hotéis e escolas que fazem parte da economia circular acabam por ser reconhecidas pelas suas ações positivas.

Green Grease: um programa para recolha e transformação dos OAU

Para a recolha de óleos alimentares usados, existe o programa de economia circular chamado de Green Grease, que se trata de uma iniciativa para transformação dos óleos. Dentro da dinâmica de economia circular, atua com a EcoX e com a Mistolin na produção de detergentes ecológicos e biodegradáveis.

Como funciona o Green Grease:  

1 – Recolhe os óleos alimentares usados de estabelecimentos aderentes: 

Depois de teres engarrafado o óleo já frio, podes reciclá-lo num ponto de recolha de óleos alimentares, esta recolha pode por vezes ser feita através de parceiros das entidades.

O produto é recolhido nos estabelecimentos participantes do projeto, de forma a que se dê início à sua transformação. A recolha pode ocorrer pela rede pública ou pelos oleões de parceiros.

2 – Retiram as impurezas dos óleos alimentares usados: 

Após ter sido feita a recolha dos óleos alimentares usados vão para a entidade que vai realizar a transformação do óleo

A transformação resume-se à filtração e à purificação dos óleos. Através desse processo, são eliminadas as sujidades e outros elementos que podem vir a afetar a qualidade dos novos produtos.

3 – Transformam os óleos alimentares usados em detergentes biodegradáveis:

Depois do óleo alimentar usado ser purificado é possível produzir uma variedade de produtos como sabão, sabonete, biodiesel e até mesmo detergente. No caso da Green Grease os produtos são álcool gel, desengordurantes, detergentes de loiça, roupas e desinfetante multisuperfícies. Todos os produtos são de alta qualidade, não corrosivos e biodegradáveis. 

4 – Convertem o valor do óleo em descontos: 

Cada litro de óleo alimentar usado recolhido é pago a quem o forneceu. Esse lucro transforma-se em descontos na compra dos produtos ecológicos da EcoX e assim as entidades torna-se parte da economia circular. Como fornecedor do óleo também deverá devolver as embalagens de detergente vazias para reabastecer.

Grafismo a representar a economia circular do Green Grease
A economia circular do Green Grease

Quais os benefícios de fazer parte do Green Grease? 

É fácil de entender qual o maior benefício deste projeto: o impacto ambiental positivo. Pois o óleo não é descartado mas sim reutilizado sem afetar o desempenho do produto que gera. Portanto, são estes os benefícios de ter o selo Green Grease

  1. Pagamento por cada litro de óleo recolhido; 
  2. Um programa pensado para restaurantes, municípios, hotelaria, IPSS e Escolas; 
  3. Garantia de recolha através da Mistolin Solutions ou outros parceiros; 
  4. Atribuição de um selo ecológico e galardões em parceria com a Quercus; 
  5. Integrar uma solução pioneira de economia circular; 
  6. Redução do impacto ambiental na valorização de um resíduo e na produção e distribuição dos detergentes.
Selo Green Grease aplicado na porta de um estabelecimento
Selo Green Grease

A transformação dos OAU diminui a performance dos novos produtos?

Muita gente acha que se os produtos forem derivados de OAU que a qualidade dos produtos gerados a partir destes é menor, e será que é mesmo? A resposta é não!

Apesar do óleo já ter sido utilizado, o processo de transformação é bastante rigoroso. Para começar, os produtos obtidos passam por exigentes padrões de qualidade, como o padrão ISO:9001, que existe para aumentar a satisfação dos clientes. Dessa forma, um detergente produzido através de óleo alimentar pode ser utilizado em limpezas rigorosas.

Para além disso, os produtos juntam dois fatores que os tornam ainda mais interessantes, pois são:

  • produzidos sem testes em animais, sendo então cruelty-free;
  • e biodegradáveis, o que os torna grandes aliados ao meio ambiente.
Desinfetante multisuperfícies da EcoX Pro
Desinfetante multisuperfícies da EcoX Pro
Kit de limpeza Starter da EcoX
Kit de limpeza Starter da EcoX

Cá por casa já sou fã de produtos criados a partir dos óleos usados. Caso queiras experimentar e surpreender-te com o resultado destes produtos podes utilizar o meu código de 10% de desconto JOANAM10 na EcoX.

Qual o impacto da reciclagem de óleos alimentares usados?

A consciência ambiental é um processo que não começa nas grandes ações, mas nos pequenos detalhes, como o óleo de cozinha. Este resíduo deve ser reciclado de forma a contribuir para uma nova forma de economia e para um impacto positivo. 

1 – Menor extração de recursos

A extração de recursos naturais para a produção de produtos ecológicos pode ser reduzida em até 50%. Mesmo assim, o produto atinge um resultado que atende aos padrões de qualidade da certificação ISO:9001 e de ambiente da certificação ISO:14001.

2 – Tudo é reaproveitado

Na economia circular, nada fica de fora, tudo é reaproveitado, inclusive a embalagem utilizada para o produto do óleo alimentar. Ela é higienizada, qualificada e retorna para embalar um novo produto.

O plástico, que também pode ser enviado pelo consumidor, é remodelado para se tornar uma embalagem única.

3 – É parte de um processo de inovação e consciência ambiental

A ideia da transformação dos óleos alimentares é parte de uma mudança de cultura, que nos encaminha para um futuro mais sustentável. Através do reaproveitamento constante do óleo e das embalagens, promove-se constantemente o cuidado com o meio ambiente.

4 – Promove a valorização dos desperdícios

É inegável o impacto positivo que o reaproveitamento dos óleos alimentares usados causa. A EcoX foi pioneira mundial na produção de detergentes ecológicos por meio de desperdícios, mas não é a única a produzir.

Assim como o óleo usado não é o único produto que pode ser reaproveitado. A reutilização dos óleos alimentares é apenas o primeiro passo para se repensar o nosso consumo e, claro, os nossos desperdícios.


Diversas instituições e empresas que utilizam óleos alimentares no seu dia-a-dia podem participar na economia circular e contribuir para a inovação e a consciência ambiental. Todos ganhamos com isto, seja no impacto ambiental ou no impacto monetário.

Qualquer pessoa pode fazer parte e contribuir com esse movimento ecológico, incluindo eu e tu. Por isso, ao desfazeres-te dos óleos alimentares, lembra-te de os entregar no lugar certo!

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30 dicas para seres mais sustentável

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